SOBRE O BLOGUEIRO

Sou um Beatlemaniaco. Tudo começa assim... Fiquei reprovado duas vezes no Mobral, mas nunca desisti. Hoje, sou doutor em Parapsicologia formado na mesma turma do Padre Quevedo; sou antropólogo e sociólogo formado, com honra, em cursos por correspondência pelo Instituto Universal Brasileiro. Em minha vasta carreira acadêmica também frequentei até o nono ano de Medicina Cibernética, Letras Explosivas, Química da Pesada, Direito Irregularmente torto e assisti a quase todas as aulas do Telecurso 2000 repetidas vezes até desistir de vez. Minha maior descoberta foi uma fábrica secreta de cogumelos venenosos comestíveis no meio da Amazônia Boreal. Já tive duas bandas de Rock que nunca tocaram uma música se quer. Comi duas vezes, quando criança, caspas gigantes da China pensando que era merda amarela. Depois de tudo isso, tornei-me blogueiro. Se eu posso, você pode também. Sou um homem de muita opinião e isso desagrada muita gente. Os temas postados aqui objetivam enfurecer um bom número de cidadãos.

- [Portal da Língua Inglesa] -

Facebook Badge

terça-feira, 11 de junho de 2013

A arrogância segundo os medíocres.

É desse jeito que vejo o mundo. Sob a mesma perspectiva. É só ler esse texto pensando que também compartilho das mesmas ideias. Ah, sim, conheço boa parte de Europa e já morei nos EUA. Prefiro aprender coisas que me deixam culturalmente mais rico à gastar meu soado dinheiro em festas ao lado de pessoas fúteis que fingem ser legais. No final você percebe que encontrar o amor da sua vida numa balada não serve de nada, pois depois as diferenças aparecem com o tempo e que gastar não é um problema, mas fazer as escolhas erradas sim. Mas como cada animal racional tem sua limitação (não percebemos aos 20 anos) e escolhas... 

Só leiam se não tiverem medo de encontrar palavras que servem como soco na cara dos medíocres. Ah, prefiro postar coisas que são intelectuais à fotos dos meus tênis, carro, camisa falsificada, que digo ser de marca. E prefiro tomar uma Pint de uma boa cerveja do que um uísque falsificado de 100 reais.




“Adorei o seu sapato”, disse uma amiga para mim certa vez.
“Legal, né? Eu comprei em uma feira de artesanato na Colômbia, achei super legal também”, eu respondi, de fato empolgada porque eu também adorava o sapato. Foi o suficiente para causar reticências  quase visíveis nela e no namorado e, se não fosse chato demais, eles teriam dado uma risadinha e rolariam os olhos um para o outro, como quem diz “que metida”. Mas para meia-entendedora que sou, o “ah…” que ela respondeu bastou.
Incrível é que posso afirmar com toda convicção que, se tivesse comprado aquele sapato em um camelô da 25 de março, eu responderia com a mesma empolgação “Legal, né? Achei lá na 25!”. Só que aí sim eu teria uma reação positiva, porque comprar na 25 “pode”.
Experiências como essa fazem com que eu mantenha minhas viagens em 13 países, minha fluência em francês e meus conhecimentos sobre temas do meu interesse (linguística, mitologia, gastronomia etc) praticamente para mim mesma e, em doses homeopáticas, comente entre meu restrito círculo familiar e de amigos (aquele que a gente conta nos dedos das mãos).
Essa censura intelectual me deixa irritada. Isso porque a mediocridade faz com que muitos torçam o nariz para tudo aquilo que não conhecem, mas que socialmente é considerado algo de um nível de cultura e poder aquisitivo superior. E assim você vira um arrogante. Te repudiam pelo simples fato de você mencionar algo que tem uma tarja invisível de “coisa de gente fresca”.
Não importa que ele pague R$ 30 mil em um carro zero, enquanto você dirige um carro de mais 15 anos e viaja durante um mês a cada dois anos para o exterior gastando R$ 5 mil (dinheiro que você, que não quer um carro zero, juntou com o seu trabalho enquanto ele pagava parcelas de mil reais ao mês). Não importa que você conheça uma palavra em outra língua que expressa muito melhor o que você quer falar. Você não pode mencioná-la de jeito nenhum! Mas ele escreve errado o português, troca “c” por “ç”, “s” por “z” e tudo bem.
Não pode falar que não gosta de novela ou de Big Brother, senão você é chato. Não pode fazer referência a livro nenhum, ou falar que foi em um concerto de música clássica, ou você é esnobe. Não ouso sequer mencionar meus amigos estrangeiros, correndo o risco de apedrejamento.
Pagar R$200 em uma aula de francês não pode. Mas pagar mais em uma academia, sem problemas. Se eu como aspargos e queijo brie, sou “chique”. Mas se gasto os mesmos R$ 20 (que compra os dois ingredientes citados) em um lanche do Mc Donald’s, aí tudo bem. Se desembolso R$100 em uma roupa ou acessório que gosto muito, sou uma riquinha consumista. Mas gastar R$100 no salão de cabeleireiro do bairro pra ter alguém refazendo sua chapinha é considerado normal. Gastar de R$30 a R$50 em vinho (seco, ainda por cima) é um absurdo. Mas R$80 em um abadá, ou em cerveja ruim na balada, ou em uma festa open bar… Tranquilo!
Meu ponto é que as pessoas que mais exercem essa censura intelectual têm acesso às mesmas coisas que eu, mas escolhem outro estilo de vida. Que pode ser até mais caro do que o meu, mas que não tem a pecha de coisa de gente arrogante.
O dicionário Aulete define a palavra “arrogância” da seguinte forma:
1. Ação ou resultado de atribui a si mesmo prerrogativa(s), direito(s), qualidade(s) etc.
2. Qualidade de arrogante, de quem se pretende superior ou melhor e o manifesta em atitudes de desprezo aos outros, de empáfia, de insolência etc.
3. Atitude, comportamento prepotente de quem se considera superior em relação aos outros; INSOLÊNCIA: “…e atirou-lhe com arrogância o troco sobre o balcão.” (José de Alencar, A viuvinha))
4. Ação desrespeitosa, que revela empáfia, insolência, desrespeito: Suas arrogâncias ultrapassam todo limite.
Pois bem. Ser arrogante é, então, atribuir-se qualidades que fazem com que você se ache superior aos outros. Mas a grande questão é que em nenhum momento coloco que meus interesses por línguas estrangeiras, viagens, design, gastronomia e cultura alternativa são mais relevantes do que outros. Ou pior: que me fazem alguém melhor que os outros. São os outros que se colocam abaixo de mim por não ter os mesmos interesses, taxar esses interesses de “coisa de grã-fino” (sim, ainda usam esse termo) e achar que vivem em um universo dos “pobres legais”, ainda que tenham o mesmo salário que eu. E o pior é que vivem, mesmo: no universo da pobreza de espírito.


quinta-feira, 6 de junho de 2013

AS CORES NÃO IMPORTAVAM, EU JÁ ESTAVA MORTO!


Conto de Bruno Coriolano.

Chega um momento na vida de um homem em que ele deve se desprender de tudo que não o faz bem. Todas aquelas histórias antigas da aventura amorosa humana, as fantásticas narrativas de povos em terras distantes e tudo o mais... Nada disso jamais existiu. Somos irremediavelmente bombardeados por mentiras e estórias terrivelmente mal contadas.

A vida nada mais é do que uma sucessão de acontecimentos passageiros. Não, não estou aqui escrevendo um manual sobre como o homem deve viver sua vida aqui na Terra. Menos ainda, estaria eu querendo insinuar que devemos encurtar nossa existência por aqui. Não seria tolo ao ponto de deixar que minhas vontades passageiras me aterrorizassem assim, tão debilmente, a ponto de me fazer cortejar a ideia de tirar minha própria vida... Ou desistir dela. Gostaria mais uma vez, mas, de fato, não quero...

Dancei com a morte uma vez e aprendi, da pior maneira possível, que não se deve fazer isso. Nunca... Não quero convencer ninguém a ler ou ouvir falar desse acontecimento macabro ímpar que cuspo (ou vomito) agora nessas folhas melancólicas e deploráveis. Fui feliz uma vez e disso tenho certeza, mas foi só! À meia noite, tudo se foi: as flores, o perfume, as fotos, as cartas... Só restaram-me a escuridão, o medo e a preguiça. Preguiça de começar de novo. Já não tinha mais forças para tanto.

Tenho duas pernas, mas recuso-me a andar, tenho dois olhos, mas recuso-me a enxergar. Seria tão mais fácil se eu tivesse o real controle das minhas emoções, se eu soubesse lidar com os mascarados... Sim, eles não passam de fantasias; personagens que usam e abusam de suas mascaras. Vidas deploráveis e cheias de nada. Fantasmas! Um vazio que nunca se preenche. Vidas mentirosas de pessoas que não aceitam o fim inevitável. Acéfalos, imbecis, solitários e dementes. Assim, vejo o mundo, as pessoas. Não tenho pudor ao descrever a miséria humana, pois acordei, mesmo sem querer acordar, para relatar o que já vivi nesse mundo.

Estava eu naquele leito do hospital da Rua 12 (não sei se, de fato, esse era o número correto). Já não sentia dores nem angustias. Já ouvira todos os sussurros e lamentações daquelas almas que iam, uma a uma, fazendo sua passagem para outro mundo. Mentia para mim mesmo diversas vezes dizendo, em voz quase sem força, que eu tinha o controle da situação. Não, eu nunca tive. Na verdade, nem lembro como tinha ido parar naquela cama suja de hospital.

Como sempre fui muito mais dotado intelectualmente do que meus pares, eu arrumava um jeito de saber o que estava acontecendo ao meu redor. Triste do homem que não sabe discernir o real do imaginário. Eu sabia como proceder para entender tudo que se passava ao redor daquele quarto frio e sombrio.

Esperei com uma paciência helênica a enfermeira adentrar aquele cômodo. Sim, é melhor investir na fragilidade das mulheres, elas adoram falar. Falam tanto que dizem até aquilo que nunca aconteceu. Fantasiam tanto que fica fácil arrancar-lhes qualquer informação, desde que você invista em seu estado emocional. São traidores de si mesmas!

Pedi para a enfermeira me avisar o que estava acontecendo comigo: quando eu iria poder voltar para casa e gozar da minha saúde imbatível, inabalável.

A conversa não foi longa, pois ela parecia perturbada e não queria correr o risco de revelar algo. Foi então, fazendo uso da minha inteligência mencionada outrora, que deduzi que não arrancaria nada dela. Pedi que me desse um sinal por meio de cores: se ela trouxesse algo de cor verde, significaria que eu poderia ir embora em breve. Se trouxesse algo de cor amarela, significaria que eu ainda deveria passar mais tempo naquele hospital e que minha saúde realmente exigia cuidados. Mas, no final das contas era uma possibilidade, se ela me trouxesse algum objeto, qualquer que fosse, na cor vermelha, isso significaria que minha existência tinha chegado perto do fim.

Por horas observei cada sinal, cada detalhe – eu era bom nisso! Nada... Mais uma vez, nada me revelaria meu verdadeiro estado. As horas teimavam em passar devagar e a cada momento, mais angustia por saber como eu estava: vivo, quase morto, saúde piorando ou melhorando? Nada sabia.

Senti meu corpo amolecer e meus olhos ficarem cada vez mais pesados. Era o sono que tomava conta do meu corpo. Olhei para o lado e nada parecia claro. Estava ficando cada vez mais escuro naquele quarto gélido. Virei de lado e vi um livro de capa preta apenas com o título escrito em cores douradas. Não era um livro qualquer; era o livro AS FLORES DO MAL de Charles Baudelaire, grande poeta francês. Abri e vi que estava marcado. Não lembro o número da página, minha visão estava cada vez mais fraca.


Li as primeiras linhas de um poema que, salvo engano, dizia: Nós teremos leitos de rosas ligeiras, / e divãs profundos como campa ou mar, / e flores estranhas, sobre prateleiras / sob os céus formosos a desabrochar... Parei de ler imediatamente ao ver o que estava marcando aquele poema: Eram pétalas de rosas vermelhas murchas, sem vida, completamente mortas. O relógio marcava, precisamente, meia noite. Parei, olhei ao meu redor e reconheci, sentados ao lado da cama, os outros pacientes que já haviam partido horas, dias, semanas ou meses antes. Entendi, fazendo mais uma vez uso da minha percepção, de que as cores não importavam, eu já estava morto! 


Esse conto é dedicado à minha insônia. Já são quase 2 horas da manhã do dia 07 de junho de 2013 e ainda não consegui pregar o olho. Como acho que foi obra do Divino, resolvi sentar e escrever essa estória, que veio do nada.  Há tempos, reclamava da falta de inspiração. Parece que tudo está voltando ao normal, como era de se esperar...