SOBRE O BLOGUEIRO

Sou um Beatlemaniaco. Tudo começa assim... Fiquei reprovado duas vezes no Mobral, mas nunca desisti. Hoje, sou doutor em Parapsicologia formado na mesma turma do Padre Quevedo; sou antropólogo e sociólogo formado, com honra, em cursos por correspondência pelo Instituto Universal Brasileiro. Em minha vasta carreira acadêmica também frequentei até o nono ano de Medicina Cibernética, Letras Explosivas, Química da Pesada, Direito Irregularmente torto e assisti a quase todas as aulas do Telecurso 2000 repetidas vezes até desistir de vez. Minha maior descoberta foi uma fábrica secreta de cogumelos venenosos comestíveis no meio da Amazônia Boreal. Já tive duas bandas de Rock que nunca tocaram uma música se quer. Comi duas vezes, quando criança, caspas gigantes da China pensando que era merda amarela. Depois de tudo isso, tornei-me blogueiro. Se eu posso, você pode também. Sou um homem de muita opinião e isso desagrada muita gente. Os temas postados aqui objetivam enfurecer um bom número de cidadãos.

- [Portal da Língua Inglesa] -

Facebook Badge

terça-feira, 13 de setembro de 2011

[CRÔNICA DA SEMANA] A BATALHA DO UM HOMEM QUE NÃO CONSEGUIA DORMIR.



Bruno Coriolano


São três da manhã e eu não estou conseguindo dormir. Então, simplesmente abro a geladeira e não encontro mais nada para comer. Ligo a televisão, mas não encontro nada para uma possível distração. O dia foi exaustivo e agora parece que vai ficar mais longo ainda.

Se um simples “chega, vai dormir” bastasse, eu já estaria como dizem, no décimo terceiro sono. São três e meia a ainda não consegui fechar os olhos. Agora sim, começo a ficar preocupado. O que eu fiz para merecer tamanha resistência do meu corpo? Ele também não tem o mesmo interesse que eu? Será que criou vida e vontade próprias?

São tantas perguntas. Em outros tempos isso tudo me daria sono, mas logo no momento que preciso dormir não sinto o desejo voluntario de entrar em sono profundo.

Olho mais uma vez para o relógio. São quatro horas da manhã. Já sei, vou ligar pro Renato, esse cara deve está acordado baixando vídeo de sacanagem. Ligo, mas ele não atende, deve estar com as mãos ocupadas.

Meu Deus, ai se eu pudesse cair no sono nesse exato momento. Se o Senhor não atende, vou pedir ajuda ao Mefistófeles. Chamo por ele, mas nem sinal, deve estar ocupado com outra alma.

Tique taque”, faz o relógio ao lado da minha cabeceira.  Esse objeto não pode falar, mas seu barulho infernal agora parece ensurdecedor. “silêncio” parece que agora estou sentindo minhas pestanas mais pesadas. Sim, estou sentindo meu corpo ficar mais leve, ai que bom! Penso eu.

Nesse exato momento, toca meu telefone. É o Renato voltando minha ligação. Já perceberam que esses telefones só chamam na hora que você não pode atender? Não atendo. Fico na esperança do Renato parar de chamar por imaginar que estou indisponível no momento. Estou errado e ele insiste, então eu atendo e dou um tremendo grito “VAI SE FERRAR, PORRA!”. 

O Renato não liga mais. Talvez eu tenha muito trabalho pela manhã do próximo dia tentando explicar para o meu amigo o que estava acontecendo. Ele vai entender.

Cinco horas e doze minutos e vinte, vinte e um, vinte e dois... Estive contando os minutos para ver se durmo. Em vão. Sou mais uma vez um escravo do desejo. Não consigo dormir.

Silêncio... Está vindo. É agora. Não, não foi. Esperem, sim, sim, estou sentindo que vou dormir a qualquer momento.

[momentos de profundo silêncio no quarto]

Tique taque”, faz o relógio mais uma vez. São sete da manhã e agora nem que eu queira eu durmo mais. Então, levanto, tomo um banho rápido e vou me preparando para ir ao trabalho. Como vou conseguir trabalhar um dia inteiro se estou tão cansado que nem consigo ficar de pé?

Abro a porta e saio para pegar o primeiro ônibus que passa em frente a minha casa. Dez minutos se passaram e nada desse maldito transporte público aparecer. Ele nunca se atrasou tanto. Volto para tomar uma xícara de café.

São oito horas e eu devia estar trabalho, mas não consegui nem sair de casa direito porque a porra do ônibus não passou hoje. Passei mais de vinte e quatro horas acordado e agora perdi o ônibus, não consigo dormir, vou levar uma bronca no trabalho e...

Ah, não! É o Renato. “que cara é essa”, aquele desgraçado pergunta. Com o pensamento lento eu repondo “estou cansado, muito cansado”. Ai o filho da mãe pergunta se eu não vou para a praia. Era uma manhã linda de sol e no meu dia de folga eu não poderia ficar em casa sem fazer nada. Era domingo. Eu não trabalho aos domingos. 




P.s. esse material faz parte de uma coletânea de textos que seriam descartados; aqueles que escrevemos quando julgamos ter uma ideia boa para um conto, poesia ou crônica, mas logo percebemos que estávamos errados ou não desenvolvemos o mesmo da forma que esperávamos. Famosa escrita de gaveta. Como não considerei esse material interessante para uma publicação mais séria, ele veio parar aqui no blog. Não espero que gostem dele. Se você nem ler, para mim não vai fazer muita diferença, nem é um texto de qualidade mesmo. Se não estivesse aqui, provavelmente ele estaria na lixeira do meu computador pessoal. 

Nenhum comentário: