SOBRE O BLOGUEIRO

Sou um Beatlemaniaco. Tudo começa assim... Fiquei reprovado duas vezes no Mobral, mas nunca desisti. Hoje, sou doutor em Parapsicologia formado na mesma turma do Padre Quevedo; sou antropólogo e sociólogo formado, com honra, em cursos por correspondência pelo Instituto Universal Brasileiro. Em minha vasta carreira acadêmica também frequentei até o nono ano de Medicina Cibernética, Letras Explosivas, Química da Pesada, Direito Irregularmente torto e assisti a quase todas as aulas do Telecurso 2000 repetidas vezes até desistir de vez. Minha maior descoberta foi uma fábrica secreta de cogumelos venenosos comestíveis no meio da Amazônia Boreal. Já tive duas bandas de Rock que nunca tocaram uma música se quer. Comi duas vezes, quando criança, caspas gigantes da China pensando que era merda amarela. Depois de tudo isso, tornei-me blogueiro. Se eu posso, você pode também. Sou um homem de muita opinião e isso desagrada muita gente. Os temas postados aqui objetivam enfurecer um bom número de cidadãos.

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sábado, 23 de julho de 2011

Conto: O dia que não nasceu! Por Bruno Coriolano.



Por Bruno Coriolano de Almeida Costa


Sofia adorava ficar debruçada na janela de casa, olhando para as estrelas. Contava, conversava ou só olhava para elas por horas a fio. Só as nuvens a atrapalhavam. Juntavam-se em conspiração para roubar-lhe o céu estrelado, aquele tapete de pontinhos brilhantes parecia levá-la a um novo mundo mais cheio de vida e radiante. A lua daquela noite iluminava bastante os campos onde repousavam os sonhos. Era uma lua cheia, e a brancura se espalhava de uma maneira que parecia possível um contato mais íntimo. Quando havia lua, o céu não exibia todo o seu esplendor.
Ao nascer do sol, a lua não se deixava ofuscar por ele. O astro brilhante fazia seu papel de uma forma que não roubava a cena só para si. Mas ela continuava por ali, a cortejá-lo. Pareciam ter sido feitos um para o outro, uma combinação perfeita que somente algum ser com uma sabedoria infinita poderia ter pensando nisso, antes mesmo da criação das outras espécies.
Todas as noites se repetiam como uma dobra atemporal. As vozes que vinham do seu coração pareciam querer dizer-lhe algo mais; pareciam estar se comportando de forma diferente naquele dia. Estava escaldada pelo sentimento mais límpido, era uma margem da própria alma, sentiu que a expressão daquele sentimento era maior: Era uma experiência poética.
Sofía ficou com a cabeça nas nuvens, mas com os pés no chão, ainda estava lúcida. Viu cada imagem como única, abriu um livrinho azul de poesias, decodificou cada verso, cada palavra, cada letra. Ela, na verdade, tinha fome de beleza. Olhou para um riacho que se encontrava naquele parque. Pescou um peixe sem entender de anzol; Entendeu que aquele momento era particular, único em sua vida. Pensou que estava sonhando, mas sabia que a metafísica pousa na realidade. Ah, Sófia como sonhava aquela menina!
O tempo foi passando e mais uma vez, de tanto admirar o sol, não viu que a lua já estava mostrando todo o seu esplendor. Sofia Sentia que a beleza não era luxo; era uma necessidade.
Sofia começou a cantar mesmo sendo desafinada. Soltou algumas frases melódicas temperadas com poesias. Ela conhecia vários tons para uma mesma palavra. Naquele momento sua sensibilidade não tinha mais governo; estava completamente libertada de qualquer regra.
No dia que se sucedeu aquele, ela continuou de forma religiosa toda a sua rotina. Mais uma vez levantou-se e contemplou as luzes límpidas que se refletiam no riacho que podia ser visto de seu quarto. “Admirar-se do que é extraordinário é fácil para qualquer idiota, mas admirar-se das coisas simples é para poucos!” Às vezes os atos heróicos estão mais escondidos e no anonimato do que pensamos. 
Depois de dias e mais dias vivendo a mesma rotina, os mesmos atos simples, ela sentiu que deveria fazer algo para aliviar seu sofrimento. Durante a noite, pareceu estar mais triste. Ninguém conseguia entender o que estava acontecendo naquele momento. Será que alguma coisa não estava indo bem na vida dela?
Mas tudo na vida tem uma explicação. Nada se passa nesse grande teatro sem que exista um propósito. As noites existem porque têm algum sentido. As estrelas da mesma forma e tudo mais que existe no universo. Tudo foi criado por algum motivo que muitas vezes não são claros.
Sofía cometeria mais atos como os relatados acima. Ela tem todo o direito de viver uma vida da forma que bem entender. Ninguém é dono de ninguém. Nenhum ser humano tem o direito de escolher o destino de outrem.
Quem nunca se imaginou realizando aquela viagem dos sonhos? Ou viver aquele amor como nos contos de fadas? Ter todos os seus desejos realizados? Tentar viver a vida de outra forma e aproveitar ao máximo as coisas boas, esse era seu objetivo.
Mas somente o dono da dor sabe o quanto ela doe. Tudo isso teria acontecido com Sofía se a sua mãe a tivesse permitido nascer. Isso mesmo. Sofía nunca existiu. Ou melhor, chegou a estar no ventre de sua mãe, mas devido a uma gravidez não desejada da mãe, Sofía não teve a oportunidade de viver tudo aquilo que foi descrito nas linhas que ficaram para trás. Enquanto tudo isso poderia ter acontecido um dia, a mãe da nossa personagem cometeu um aborto antes.
Como um guerreiro sanguinário, essa mãe não se permitiu conhecer o sentido e a alegria de ter um filho. Com a espada ainda suja de sangue, ela nem teve tempo de se despedir de sua filha. Após ingerir várias doses de diversos medicamentos. Mas Sofía não sente angustia ou ódio da sua progenitora, ela tem os níveis de ódio e perdão de formas iguais. Sabe usar os dois na mesma proporção.
Agora Sofía não fica mais debruçada na janela de casa, olhando para as estrelas. Contando-as. Só as nuvens a atrapalhavam. Agora ela é uma delas; E sua mãe chora ao olhar para o céu, onda cada estrela parece uma lágrima!

2 comentários:

Bruno Coriolano disse...

Será que alguém, algum dia, irá ler esse conto todo? Acredito que não. Mas se alguma vez na sua vida você chegou até a palavra “lágrima” isso quer dizer que poderá ler essa mensagem.

Esse conto foi rejeitado. Sabe o que aconteceu com ele? Não perceberam que ele tinha algo; uma mensagem!

A vida passou e você nem percebeu. Estava ocupado! Estávamos todos ocupados!

Jobson Kmkz disse...

Com uma mensagem desta não consigo entender por qual razão ele foi rejeitado. No entanto, tenho certeza que "aquele que o rejeitou" olhará para as nuvens, como a mãe de Sofia um dia fez e derramará uma lágrima de arrependimento... Parabéns mais uma vez, colega.