Nada como um post atrás do outro e um porre no
meio.
Com esta ilustração do Jaguar, o mais resistente
dos boêmios brasileiros de todos os tempos, começamos esta brava terça. Afinal
de contas, a terça-feira é o mais sem graça dos dias, coitada, só serve para a
inércia de curar ressacas existencialistas de segunda.
A ilustração saiu no livraço “Manual de
sobrevivência nos butequins mais vagabundos” (Editora Senac Rio), do Moacyr
Luz. Eu recomendo pra gente que é do ramo e para os curiosos amadores, além das
belas antropólogas da área. .
Pobre terça-feira. Se o sábado é uma ilusão, como
disse um pedreiro para Nelson Rodrigues, a terça é o nada destilado. (Tio
Nelson chamou o cara para fazer um serviço no sábado, donde ouviu do
honestíssimo e sincero trabalhador carioca a linda pérola que virou uma das
suas grandes frases).
Agora chega de ilusões perdidas, vamos para
as dez maiores invenções do homem em matéria de petisco, acepipes ou
tira-gosto:
1) Moela. Anda um pouco sumida dos cardápios e
tabuletas dos botequins e pés-sujos, mas continua insuperável. Como diria o
ex-boleiro Jardel (Ferrim, Grêmio, Porto…), clássico é clássico e vice-versa.
2) Os caldinhos. O mais tradicional é o de feijão,
mas se você der a sorte de estar no Recife, onde tem vários bares
especializados no “ela & ela”-como é chamada a dupla caldinho +
cachaça/caninha- a fartura é grande. Exemplos: peixe, fava, sururu, chambaril,
camarão etc.
3) Bolinho de feijoada. Invenção carioca recente
–em termos históricos- que pegou. Com justiça. É simplesmente uma
feijoada-pocket, o resumo da obra, uma maravilha do minimalismo feijuca.
4) Pastéis. Não é à toa a folclórica pedida dos
paulistas, que fazem os melhores do universo. Um chopes e dois pastel. Virou
rock do grupo Velhas Virgens e tudo: “1 chopes e 2 pastel/ Pasquale, Adoniran,
Caetano e Noel”.
5) Tripa de porco frita. Denúncia: sofre um
criminoso desaparecimento dos cardápios nestes tempos. Nunca fizeram nada igual
para se tomar com cerveja na história da humanidade.
6) Torresmo. De preferência em Belo Horizonte,
depois de uma vitória do Galo, provável campeão brasileiro deste ano.
7) Siri mole ao alho e óleo. Homem do sertão, não
tenho, na fisiologia do gosto, o paladar chegado ao menu litorâneo. Esta
pedida, porém, me ganhou logo na chegada adolescente ao primeiro boteco de
Brasília Teimosa, no Recife. A caranguejada cearense também me pega. E para
completar o capítulo: a lambreta (marisco) soteropolitana, excelente na hora de
“comer água”, como os baianos denominam o ato de encher a caveira.
8) Umbu-cajá. Estarão, a essa altura, os amigos
indagando: o que faz uma frutinha no meio dessa cozinha de sustança.
Depois do torresmo, eis o melhor tira-gosto para a cachaça. Juro.
9) Bolinho de pirarucu. Toca para Belém do
Grão-Pará. Só digo o seguinte: bate fácil o de bacalhau, meu gajo. Nem se
compara. Iguaria finíssima. Cesse tudo que a musa antiga canta. Estou dentro.
10) Marrecos de Jaraguá do Sul(SC). O meu amigo
Lourenço Mutarelli não me deixa mentir. Nada como os marrecos da “capital do
conto brasileiro”. Todo mundo é contista na cidade catarinense de Carlos
Henrique Schroeder, um craque no gênero. Ainda no Sul, não esqueçamos do
gauchíssimo espinhaço de ovelha.
E você, amigo, o que manda aí de sugestão à guisa
de guisadinhos que nos deixam com água na boca? Qual o seu petisco predileto?
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