Durante a maior parte de sua vida, Ana Lúcia viveu algo que lhe renderia um Oscar em Hollywood, caso tivesse ela vivendo a interpretação de um personagem dos cinemas. Aos sete anos fugiu de casa com um empresário do mundo da moda, que se dizia muito influente e prometera fazê-la muito famosa. Esse homem, de gosto duvidoso e de sexualidade suspeita, não fez nada mais do que levar a garota para os piores lugares do mundo do sexo.
Aos quinze anos já era a mais procurada estriper de uma boate de segunda da cidade do Rio de Janeiro. Todas as noites, os homens mais ricos daquela cidade estavam por lá para cortejá-la e tentar leva-la para a cama. Muitos pagavam somente para olhar para sua beleza e tocá-la nas pernas.
Certa noite, após uma briga com a dona do estabelecimento, Ana resolveu que não mais trabalharia naquele local e procurou um inferninho no outro lado da cidade onde poderia oferecer seus serviços.
Foi o acontecimento mais marcante daquele barzinho, o seu novo local de trabalho, logo transformado em boate de strip tease. Ana, agora conhecida como Nicole Marshall, transformou-se em uma mina de ouro, ou melhor, numa espécie de Rei Minos, em tudo que tocava transformava em ouro. Um mês após Nicole levantar aquela espelunca, já estava ganhando três vezes mais do que ganhava no emprego anterior. Muito trabalho lhe rendeu contatos. Após sair com um magnata muito rico, ela aceitara de presente aquilo que já havia sonhado há anos: um implante de silicone.
Era uma nova mulher que nascia depois da cirurgia. Ana (ou seria Nicole?) mudou de nome mais uma vez. Agora se chamava Mary Taylor, não tinha mais o cabelo escuro original e nem as medidas peitorais originais, que eram mais da metade daquelas que a transformaria em uma verdadeira celebridade naquele mundo.
Tudo ia bem, mas foi nesse momento que apareceu Arthur, americano que se tornou sue namorado e a levou para viver nos Estados Unidos da América.
Naquele país recebeu casa, comida, amor e atenção de Arthur. Vivia uma verdadeira vida de princesa. Não tinha que trabalhar, não precisava se preocupar em acordar cedo para fazer as tarefas de casa. Havia sempre uma empregada em casa para isso. Mas em uma noite triste de outubro, chega aos seus ouvidos uma péssima notícia: O avião que Arthur havia tomado para a Califórnia caíra e com ele todo aquele castelo e fantasias de princesa de Mary.
Foram anos de brigas judiciais e nada de conseguir receber a herança deixada pelo amor de sua vida. Mary voltou à vida de garota de programa. Mudou-se para Nova York com uma amiga brasileira que havia conhecido em uma viagem à Boston. A amiga além de ajudá-la com os problemas causados pela dificuldade da língua também conseguiu um lugar onde ela poderia trabalhar como estriper.
De volta à sua antiga e primeira ocupação, Mary se encontrava triste e desta vez viciada em drogas. Não tinha mais ânimo para exibir um desempenho como o dos tempos da cidade maravilhosa.
Depois de um programa decepcionante, ela se trancou em casa, procurou ajuda nas drogas, mas não encontrou nada além de muita dor de cabeça e horas de alucinações. Rezou, mesmo sem acreditar que existiria algum deus que ouviria suas preces. Não sabia como pedir, mas sabia o que queria: ser feliz.
Obrigada a volta ao Brasil, Mary vai para um apartamento que havia comprado anos antes de ir para o exterior viver com Arthur. Por lá ficou três dias sem se alimentar; apenas tomando água e meditando. Teve uma visão: um ser com feições andrógenas lhe aparecera. Esse ser estava parado à sua frente sem pronunciar uma única palavra. Como ela estava ali parada meditando há hora não tinha a menor ideia de quanto tempo ele havia ficado ali parado a observando.
Mary levantou a cabeça, o olhou nos olhos e perguntou.
-- Quem é você, e o que faz aqui?
A resposta demorou um pouco. Eles se olharam e por alguns segundos e ela pareceu um pouco abobalhada.
-- Vamos, responda!
O silêncio foi quebrado por uma breve explicação.
-- Você pediu ajuda. Eu sou sua ajuda. Sou seu anjo da guarda. – respondeu o ser misterioso com uma voz que mais parecia o som da água do mar encontrando-se com a praia e trazendo paz.
Ela não sabia o que fazer. Não sabia como aquele maluco tinha entrado e nem o que ele realmente queria. Mas parecia sentir um pouco de confiança nele. O ser pediu para Mary sentar-se na cama, pois o que ele tinha para dizer iria demorar muito. Passaram-se exatas três horas e as explicações ainda prosseguiam. O ser sumiu quando ela foi tomada pelo cansaço e deixou-se cair em um sono profundo. Ao levantar no dia seguinte não encontrou mais o tal ser. Sentia-se decepcionada, pois julgara que tudo não havia passado de um sonho.
Fui tudo muito rápido. Três dias se passaram. Mary estava sozinha em casa e mais uma vez o encontro aconteceria. O ser estranho, que respondia por Gabriel, agora estava ali para se despedir. Explicara que não podiam mais se ver por causa das ordens de seu superior. Triste, ela entrou em um ritmo que desafiava a ficção. Sozinha e sem ter a quem pedir ajuda, embarcou em uma jornada de misturas de substâncias perigosas.
Sufocada no próprio vômito, na cama do hotel onde vivia, a loira que incendiava imaginações masculinas e até a de um anjo com o seu corpão voluptuoso se encontrava. E você se pergunta. Quando os anjos choram? A resposta é o amor. Eles choram porque não podem amar. Não podem sentir a verdadeira face do amor pelo outro. Eles invejam os homens por isso. Encontram-se privados do amor. Vivem em outra dimensão esperando o momento de viverem histórias mais felizes do que essa.
Esse texto ainda não passou pela correção ortográfica e nem foi bem trabalhado ainda. Críticas, sugestões e outros serão bem aceites. Está sendo publicado nesse blog porque o mesmo serve como laboratório. O texto está muito verde e será descartado de qualquer publicação mais séria, então para não ficar esquecido completamente, segue essa versão para blog.
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